A História

Na história das revoltas escravas brasileiras, a de Palmares ocupa lugar ímpar. Não foi apenas a primeira, mas, também, a de maior envergadura. No decurso de quase um século os escravos da então capitania de Pernambuco resistiram às investidas das expedições continuamente enviadas por uma das maiores potências coloniais do mundo. Projeta-se como o acontecimento dominante da história pernambucana na segunda metade do século XVII e como um dos mais sérios problemas que a administração colonial lusitana teve de enfrentar no Brasil. Pois inúmeras vezes a coroa admitiu francamente que a extinção de Palmares teve uma importância comparável à da expulsão dos holandeses. Comandadas por alguns dos melhores chefes militares da época, mais de trinta expedições – provavelmente o número passou de quarenta – marcharam contra Palmares, no mais prolongado e árduo esforço bélico da história colonial, à parte o da luta contra os holandeses. Na história das Américas, só perde em importância para a de Haiti. Um historiador como Oliveira Martins, que certamente não pecava por simpatia para com os escravos, viu em Palmares uma Ilíada e batizou Macaco, a capital palmarina, de Tróia Negra. Ainda hoje, à distância de quase três séculos, seu acento libertário e seu socialismo infuso suscitam emoção e entusiasmo.

Extraído do livro
"Palmares - A Guerra dos Escravos"
Décio Freitas
Edições Graal, 1982.


O quilombo, que na língua banto significa “povoação”, era o espaço físico de resistência à escravidão. Fugidos dos cafezais e das plantações de cana-de-açúcar, os negros que se recusavam à submissão, à exploração e à violência do sistema colonial escravista aglomeravam-se nas matas e formavam núcleos habitacionais com relativo grau de organização e desenvolvimento social, econômico e político.

Eram agrupamentos criados em locais de difícil acesso, e que dispunham de armas e estratégias de defesa contra a invasão de milícias e tropas governamentais. O Brasil colonial conviveu com centenas de comunidades quilombolas, espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia (BA), Pernambuco (PE), Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Minas Gerais (MG) e Alagoas (AL).

PALMARES – No Brasil, a mais famosa comunidade quilombola foi Palmares, fundada no século XVI pela princesa congolesa Aqualtune, mãe do lendário Ganga-Zumba, e instalada na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares (AL). Integra, ao lado dos povoados de Ambrósio (MG) e Campo Grande (SP/MG), o grupo dos maiores núcleos de resistência negra do País.

Criado no final de 1590, o Quilombo dos Palmares transformou-se num estado autônomo, resistindo por quase cem anos aos ataques holandeses, luso-brasileiros e de bandeirantes paulistas. Em 1695, foi totalmente destruído, um ano após a morte de Zumbi, assassinado por Domingos Jorge Velho, bandeirante contratado com a incumbência de sufocar Palmares e outros quilombos próximos a ele.

Nas Américas, em cada região onde o regime escravagista se instalou, registraram-se movimentos de rebelião contra este sistema de dominação, sendo que o primeiro deles data de 1522, na ilha de Hispaniola (Haiti e República Dominicana).

Outros quilombos brasileiros
  • Quilombo Ambrósio (MG) – População de 15 mil pessoas. Destruído no ano de 1759 pela expedição do governador-comandante, capitão  Bartolomeu Bueno do Prado;
  • Quilombo de Campo Grande (MG/SP) – População de 10 mil pessoas. Destruído entre os anos de 1759 e 1760;
  • Quilombo Buraco do Tatu (BA) – Os chefes eram Antonio de Sousa, um capitão de guerra, e Teodoro, com suas companheiras, que tinham o título de rainhas. Fundado em 1744 Tatu durou 20 anos, até que a comunidade foi exterminada pelo capitão-mor da conquista Joaquim da Costa Cardoso, em 1764;
  • Quilombo de Catucá (PE) – Fundado em 1817. Liderado por Malunguinho, foi dizimado no final da década de 1830.
Quilombos nas Américas
  • Haiti – Quilombo Bahoruco;
  • Jamaica – Quilombo Juan de Bolas;
  • Colômbia –  Palenque de La Matuna;
  • Cuba – Palenque El Frijol;
  • Venezuela – Cumbes da região de Coro. 

Fundação Palmares

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